Há algum tempo, no limiar de completar 47 anos de serviço, deixei a Força Aérea Brasileira.
Em
minha mensagem de despedida, enfatizei dois fatos, para mim,
relevantes. Eu era o último Oficial-Aviador cuja formação dera-se,
totalmente, no lendário Campo dos Afonsos. Também, e mais importante, eu
era o último Oficial, que já fazia parte do Corpo de Oficiais da
Aeronáutica no dia 31 de março de 1964.
Em
minha formação de Oficial, durante os anos de Escola Preparatória e de
Escola de Aeronáutica, em nossas aulas, pouco aprendemos e debatemos
sobre diversos aspectos de nossa história, então, recente. Fatos
relevantes, como a Revolução de 1930, a Revolução Constitucionalista de
1932, a implantação do Estado-Novo e a destituição de Getúlio Vargas
eram, apenas, comentados ligeiramente. Esses fatos, ocorridos há menos
de 35 anos da época em que vivíamos eram parte do passado e ponto. Fatos
atuais como as revoltas de Jacareacanga e Aragarças, assim como a
renúncia de Jânio Quadros, também, não eram fruto de estudos
aprofundados.
Minha
geração atual, composta de militares inativos deseja, com ardor
insistente, que os militares da ativa sejam especialistas, solidários e
responsáveis pelos valores do movimento revolucionário de 1964. Muito
justo. No entanto, há que se considerar e ter presente que toda a
geração de militares, hoje na ativa, das três Forças, é formada a partir
do final dos anos setenta e depois.
A formação destes militares seguiu outros parâmetros, que, por sua vez, têm evoluído considerável e constantemente.
E isto é um fato!
Os
valores, porém, dos militares de hoje são os mesmos dos militares de
ontem. Eles são capazes, sim, de fazer, no presente, o que nós e aqueles
que nos antecederam, fizemos no passado. Basta a Pátria necessitar e
eles não lhe faltarão.
Os
militares de hoje estão presentes e disponíveis. Procuram inteirar-se
dos problemas e estudam suas soluções. Mantém a mentalidade operacional,
com plena consciência que sua destinação é a guerra e o seu preparo a
melhor dissuasão. Eles são exemplo e, por isso, plenamente aceitos pela sociedade brasileira, que neles deposita total confiança.
Tenhamos confiança e sejamos crentes.
Nossos
militares trabalham além da simples obrigação formal. Eles vibram com a
profissão que livremente escolheram. Vislumbremos que, para o
cumprimento da missão a eles confiada, são igualmente importantes
aqueles encarregados da atividade-fim e aqueles encarregados da
atividade-meio, independentemente de postos ou graduações. Na Força
Aérea, os que voam, os que fazem voar e os que apoiam o voo.
Eles
sabem. São militares por opção própria e estão cientes que fortalecer a
cadeia de comando é o caminho correto de aprimorar a mútua confiança
entre superiores e subordinados, chave para o enfrentamento vitorioso de
conflitos.
Eles
vivem em constante aprimoramento da disciplina, pois não a exercendo,
ou não a exigindo, estarão corroendo um dos pilares básicos da
Instituição Militar e preservar esse baluarte é dever de cada um.
Assim, estão conscientes, não podem ser tolerantes com pequenas faltas,
que solapam a disciplina e tornam-se precursoras de grandes
transgressões.
Eles
exercitam e fortalecem, constantemente, as qualidades que são
desejáveis no cidadão e requisitos de vida para o militar – patriotismo,
civismo, honestidade, lealdade, coerência, dignidade, humildade,
eficiência, ética, confiança – lembrando que tais qualidades não são
fracionáveis e definem o perfil do indivíduo.
Eles primam pela segurança no trabalho – qualquer trabalho – fazendo, cada um, sua parte para o bom andamento do serviço.
Não, meus caros companheiros de inatividade, os militares da ativa não são diferentes do que fomos.
Eles saberão honrar seu juramento e saberão agir se e quando necessário.
Confiemos e peçamos ao bom Pai que os abençoe, os ilumine e lhes dê a força necessária para cumprir sua missão.
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